quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Inquietude

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Aquelas paredes azuis testemunharam muitas fases, crises e devaneios.
Tudo era azul.
E agora, o mesmo cenário azul era palco da desolação;
Era abrigo, mas ao mesmo tempo, alvo.

No meio daquela bagunça o nosso protagonista se encontrava.
Tinha muitas informações ao redor, contudo, por dentro
Uma estática mental tentava sincronizar os fatos.
Nem sequer do almoço lembrava.

O reflexo de cabelos enrolados e a barba por fazer
No espelho, eram os resultados da batalha.
Um leve sorriso nos lábios o alertava sobre os espólios.

Talvez fosse o recomeço, talvez fosse o final.
Frustrado ele dormiu,
Inquieto e em paz não sonhou.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Outros I

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A jornada da vida é repleta de mortes e renascimentos que nos colocam em diversos papéis, alguns bons e outros nem tanto. É mutável e não tão fácil de modelar. Essa resiliência, contudo, ocorre gradativamente de acordo com o mundo em que vivemos. E sim, existem vários mundos. É uma vastidão de pessoas, um bocado de (res)sentimentos e mentes prontas para semear aquilo que melhor lhes convém. Sim, algo conveniente para o momento, pois nem todos nesse mar cheio de ilusões enxergam o bote salva vidas.

A personagem de hoje aprendeu das piores formas o valor da essência. E não foi por falta de aviso, mas de bom senso.

Renegados

Perdi meus pais antes que pudesse realmente tê-los: nunca tive a presença dum pai e, minha mãe foi levada pelos vícios da vida. É decadente olhar para a pessoa que nos deu tudo na vida e vê-la engasgada com o próprio vômito, os olhos saltando para fora das órbitas num grito sufocado na garganta. Nesse momento, eu cruzei a linha tênue entre a vida e a morte. Sem querer, fui parar no inferno.


Diante daquele sujo espelho de motel frequentemente usando por caminhoneiros, Luzia estava parada, tentando procurar alguém dentro daquele corpo que um dia fora saudável. Era o segundo programa da noite, mas não teve tanta sorte quanto no primeiro. O cliente, um filhinho de papai supunha, a havia espancado após o ato sexual. Ele estava drogado, ela sabia, mas precisava urgentemente daquele dinheiro, duma forma ou doutra. Um dos olhos estava roxo, enquanto o outro estava fortemente vermelho. Na pele branca, suas mãos ainda estavam marcadas, quase como sinais. Ao menos ele tinha pagado o combinado. Seus clientes raramente eram limpos com ela e, quando alguém a chamava para o trabalho, sabia dizer se aquele era boa gente ou não. Às vezes, como hoje, ela errava. Dentre os clientes, as mulheres também estavam incluídas. Essas, por sua vez, eram mais calmas e queriam aventuras fora do casamento. Diziam que estavam em crise com o marido, que ele estava chegando tarde em casa e essas outras coisas paranoicas de final de relacionamento. Lavou o rosto com a água fria da torneira, tentando despertar daquele pesadelo em vida. Vestiu suas roupas e saiu daquele quarto sujismundo.

Antes de ir para o lugar em que dormia, precisou passar na drogaria para comprar algum antibiótico para Nena que estava com uma febre muito forte. Nena era sua filhinha, de apenas 4 anos de idade. Perguntou o que era bom para gripe e febre, então o farmacêutico empurrou algumas aspirinas e um xarope. Malditos profissionais de merda, pensou, quando saiu do estabelecimento. Andou apenas duas quadras para chegar no quarto alugado em que tentavam viver. Abriu a porta e entrou, fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar Nena. Ela estava dormindo, agarrada com seus bonecos B1 e B2 que tinha encontrado no lixo perto da esquina de casa. Quando viu aquela cena, sentiu uma pontada de dor e culpa dentro de si. Tudo isso não era culpa dela, ela tentava processar, mas era muito difícil suportar essa realidade. Queria ser rápida, pois queria garantir ao menos o café da manhã e o almoço da filha no próximo dia. De forma carinhosa, acordou a filha e disse que ela precisava tomar os remédios para ficar melhor e que  iria visitar um amigo, mas que estaria em casa dentro de meia hora. A pobre e inocente criança obedeceu e assim que Luzia estava indo em direção ao banheiro, Nena disse: - Te amo, mamãe. Aquela frase foi pior que qualquer coisa que tivesse suportado naqueles anos, foi como uma flecha certeira na ferida não cicatrizada. Entrou no banheiro e foi até o armário e pegou algo enrolado num pano azul. Desembrulhou tudo e encontrou sua seringa e uma ampola de cocaetileno. Colocou a substância na agulha e antes de aplicar, amarrou o pano acima do pulso, para uma boa pressão sanguínea. Quando olhou para os braços em busca duma veia sã, soube que era difícil encontrar alguma ali. Seu braço estava todo marcado pelas picadas de agulha durantes suas crises de abstinência. Encontrou algo, não sabia se era veia ou artéria, mas mesmo assim aplicou. Guardou tudo no mesmo local e saiu de casa.

Lá fora as luzes brilhavam contra o horizonte negro da cidade. Eram duas da madrugada e tudo parecia deserto, a não ser por aqueles de hábitos noturnos. Parou diante uma faixa de pedestres e olhou para o sinal. Estava vermelho, então poderia passar. Não havia sinal algum de carros na redondeza. Quando chegou na metade da faixa, ouviu sirenes que julgava ser da polícia. Foi então que viu um carro em alta velocidade vindo em sua direção. Luzia não sentiu as pernas no momento. Depois que o carro a pegou e a fez voar para longe, não sentiu mais nada.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tentado

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Ela era uma estranha conhecida, mas nada disso mudava o fato dele estar dentro dela nesse exato momento. Acima dele, ela o olhava fixamente, com uma leve respiração e um gemido trancafiado na garganta. Os movimentos não foram ensaiados, contudo, eram duma sincronia incrível: ela subia e descia com ferocidade e graça e, por baixo, ele desempenhava o seu papel, com um seio em sua boca e o outro nas mãos. Num movimento rápido, ela encostou se na cama, a cabeça contra o colchão d’água, apenas o esperando entrar. Dessa vez ele foi sagaz, penetrou como se aquela fosse a última forma de prazer existente. Poucos segundos após, derramou sua semente dentro daquele ventre de gelo e fogo. Deixou se cair no chão por alguns minutos e se levantou: - Desculpa. E saiu do quarto de sua irmã.

Foi até a cozinha e preparou um Black Russian, acendeu um cigarro e foi em direção ao seu quarto. Ligou seu MP4 e a música que estava em pausa na lista de reprodução favorita era Comfortably Numb do Pink Floyd. Era engraçado como algumas músicas caiam feito uma luva para certos momentos. A música é algo mágico, capaz de nos liberar e anestesiar até a pior dor mental. Sua irmã, ele praticamente não a conhecia. Filhos dos mesmos pais e uma separação que precisou ser enfrentada logo na infância, quando ainda nem andavam. Agora, com 21 anos, as coisas haviam mudado e os pais estavam se aproximando novamente. Morar na mesma casa é um grande passo, filho...

Deitado, acompanhava mentalmente a música: and I’ve become comfortably numb... Estava se sentido sujo, feito uma peça de sacrifício usada em vão. Nem sequer a beijara. Agora, de duas coisas tinha certeza: o tempo passava para todos e que a carne era fraca, não adiantava correr ou se esconder. O ato foi seco, sem amor. Nunca havia feito isso dessa forma. Pegou o copo e virou o resto do drink duma vez garganta abaixo. Fechou o player e procurou um número na lista de mais chamados e ligou. Do outro lado da linha, uma voz brincalhona e confiante atendeu:
Alô, amor! E riu. Ele nada disse, ficou com as palavras na ponta da língua, mas não saiam.
Amor? É você?
Sem hesitar, ele respondeu:
- Quero terminar.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

There was a time

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Quando crio alguma postagem, sinto que ela soa muito "seca". Dou o meu "blog atualizado" e acaba. Vejo que essa introdução pré post, às vezes, é desnecessária. A interpretação final é de você, leitor, que me faz continuar postando. Minhas últimas postagens são aquelas que encontro no meio de rascunhos e em boa parte, já não significam muito. Não as ignoro, claro. Essa postagem faz parte desse grupo. Espero que gostem(ou não) e até as próximas.

Presente: através do tempo

Tantos rascunhos até aqui,
Tantas decepções que nem percebi,
E um alguém especial, afinal:
Você.

Dúvidas trazem certezas, faz parte do ciclo.
O palpitar da máquina não nega.
Com calma, a adrenalina nos controla e
Nos vemos perdidos nos paraísos artificiais da paixão.

Os questionamentos têm respostas.
Há razões para sorrir.
É uma fusão mental.

Poderia escrever utopias esquecidas,
Mas tu és real, oh pequena,
Um favo d'mel na decadência humana.

Aos poucos os hormônios atuam,
Aos poucos iluminam a estrada.
Presente!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nirvana

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Atordoado nas vielas escuras,
Um homem solitário caminhava.
Em busca de respostas para a vida,
Durante as preces, um anjo chamava.

Na mesma situação, uma jovem mulher se encontrava:
Travando guerras e batalhas em busca da
Liberdade.
Alvos fáceis.

As trajetórias escolhidas, a um longo caminho os levaram,
E coincidentemente, ambos se encontraram.
Permitiram-se.

Os moldes de sua pequena, aos dele encaixavam,
Devagar e continuamente, o amor se intensificava.
Nirvana.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Essência

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Aprendeu das piores maneiras a como ocultar
Os sentimentos que o faziam estagnar.
Sobrou apenas frio e dor, o leve
Estopim do rancor.

Acreditou e se rebelou, pegou suas decepções e
Se transformou. Soube usar a queda para levantar.
Conversão perfeita segundo os sábios.
Ouvia e não falava.

Encontrou prazer em lugar hostil,
Largou seus bens e uma roupa vestiu.
Nu no fim do mundo.

Guardava rostos e esquecia perfumes,
Guardava perfumes e esquecia rostos.
Optou pela essência.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Em pedaços

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Demora muito até percebermos que aquilo que julgávamos ser uma qualidade, na verdade é um defeito. Pensando bem... Será isso uma verdade? Talvez seja apenas uma questão de percepção, de saber discernir os fatos. O problema pode ser o excesso, pois as pessoas são fáceis de saturar. O lado bom é que podemos mudar só que a evolução é de total responsabilidade de cada um. E, aos poucos, a prática se mostra bem oposta à teoria. No topo das relações difíceis, as relações que envolvem sentimentos são as mais delicadas. Às vezes, precisamos nos desdobrar para entender o próximo, ou simplesmente sabermos ouvir. Você quer planejar algo para certa situação, mas a intensidade da vida não te deixa racionar de forma logica. O amor não é diferente de tudo isso, ao contrário, é uma contradição da realidade. Como células cancerígenas, ele vive às mil maravilhas, contudo, quando ferido, talvez esteja na fase terminal. É preciso saber cuidar, aceitar e viver cada dia como se o amor fosse eterno. Ele é afinal. O problema é a intensidade e disponibilidade para amar que podem ser alteradas. Só que o amor não depende de uma única pessoa, quando amamos ele é plural. É uma troca reciproca.
                                                                                                           
Em pedaços

Já fui singular, mas o plural me atraiu.
Então, virei plural, mas não me satisfiz:
Agora sou menos que um,
Sou quatro em corpos diferentes.

Encontro-me no palco em que vejo as nossas imagens na corda bamba,
Os participantes atordoados com uma possível decisão.
Atuo de forma singela, neutro às aversões que possam existir.
Sinto por todos.

Não é uma das melhores situações, mas tudo bem.
É um risco.
São amores.

Hoje, já não sei quantos sou.
Menos que quatro, suponho,
Somos apenas nós dois.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Resultante

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Olhando para o horizonte, as pessoas comentavam que aquela era a noite mais obscura do ano, contudo, ninguém conhecia a profundidade da vida de Jon, que um dia, fora um homem bom. Hoje, não mais. Quando dizem que o homem é influenciável, a verdade prevalece em toda sílaba pronunciada.  Até os "bons" se esvaem, oras. "É o capitalismo!", afirmam, não sabendo o quão intensa é a essência humana. Essa oscilação de conceitos não acabará, apenas espalhará mais raízes para futuras lavagens cerebrais nos homens.

Jon já foi um filho e marido exemplar, porém, depois que encontrou o vício nas drogas, nada mais importou. No mundo das drogas é assim: não há como se esconder após entrar, com raras exceções. Em plena sexta-feira e a cidade estava com um tom cinza diferente de dias comuns, como se um manto estivesse enevoando as mentes. No fim dum beco iluminado por uma fogueira com sombras distorcidas ao redor, Jon se levantou cambaleando e sem saber até mesmo o seu nome. Nesse dia, havia acabado de receber, então, para comemorar, foi forçado a ir de encontro às drogas. No dia anterior, brigou com sua esposa e acabou dormindo na casa da amante. A filha de Jon estava tão cheia de vida até descobrir que tinha um câncer raro e menos de três meses de vida. Além das brigas com a esposa, a doença de Susi foi o estopim para Jon perder a vontade de viver.

Apesar de tudo, Jon amava a sua família. Tinha vergonha por agir sobre impulsos e piorar a atual situação, mas não sabia que os obstáculos são feitos para serem superados. Assim que meio andou, meio cambaleou três metros para longe das sombras, um homem pálido e sem blusa se levantou com algo brilhante na mão esquerda e avançou até o seu alvo. O golpe foi seco, preciso, bem no coração de Jon. Ele, que estava voltando para casa, nunca mais voltou para casa. Deixou de existir sem poder falar o quão importante aquelas pessoas eram na sua -frustrada- vida.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Brecha Temporal

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Burgueses no poder, liderados por alienação,
Controlando suas marionetes e esquecendo o coração.
Arsenais verbais, movidos por enganação,
Empurrando a desolação.

Avante, empiristas!
Leigos da nação,
Marginais massacrados e
Miseráveis por opressão.

Sedentos de nutrientes, a Sociedade cai em tentação:
Matando, roubando e reunindo legiões.
Agonização.

Comam o resto deles.
Brecha social,
Brecha temporal.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Rascunho: II

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Naquela noite em sua cama, resolveu escrever. Escrevia sobre devaneios, sobre pessoas e sonhos afogados por ilusões vividas e tão pouco esquecidas. A morte era o seu tema favorito. Doce, mas cruel, pensou com um sorriso nos lábios. Quando a caneta estava entre os seus dedos, era transferido para outra dimensão; um mundo somente seu e cheio de perigos. Perguntava-se de qual lugar aquelas palavras bonitas brotavam no papel do antigo caderno de composições musicais que um dia tentara escrever enquanto era envolvido pela vida boemia. Não são as melhores criações, mas são as únicas que fiz. A vida que escolhera era cortada por caminhos obscuros e densos que, até mesmo um demônio, perder-se-ia com facilidade. O aroma agridoce do quarto escuro o envolveu e pôs-se a escrever, lenta e firmemente.

Adormeceu logo em seguida. Estava exausto do dia e das pessoas ao seu redor. Que pessoas, otário? Não havia ninguém ali. Que a verdade seja dita: era um solitário de carteirinha. Só tinha vadias naquela jornada repleta de crateras. Foi largado pela única mulher que amou mais que a velha matriarca que o criara. Quanta saudade sentia? Nem sabia dizer. Foram longos verões ao lado do afago feminino que o levava ao delírio. Nos seus sonhos, ela sempre estava presente. Lena, costumava chama-la durante a intimidade do casal. Pensando bem, Helena era um ótimo nome para ela. Viveram durante anos e nunca passou pela sua cabeça que estava sendo traído pela mulher que compartilhava a sua cama. É inevitável, os relacionamentos sempre acabam, tentava amenizar a martirizarão com o término da relação. Servi para algo, afinal. Sofrer é o meu castigo. Helena separou-se dele no dia do seu aniversário. Estava cansada da velha ladainha e tinha conhecido outra pessoa, afirmou. Que presente! Ela não quis nada dele, apenas o deixou arruinado e com uma casa habitada pelos fantasmas sussurrantes de sua presença.

Ouviu falar que o seu novo marido havia morrido, mas não a procurou. Acreditava que quando as pessoas precisam de algo, elas sempre encontram alguém para mendigar. O sonho daquela noite não foi diferente dos demais: estavam no antigo campus de sua faculdade, com Helena no colo e excitado pelo beijo que acabara de ganhar. Porém, sentiu algo estranho no ambiente; um silêncio que nunca existira e um horizonte tão negro como uma mortalha recém-lavada. Entre as poucas árvores do campus, uma jovem se esgueirou e partiu na direção deles. A jovem era quase linda, se não houvesse sangue por suas calças jeans e arranhões pelos braços e o rosto. Portava uma arma, notou de súbito. Ambos ficaram estáticos, porém a jovem continuou vacilante e com lágrimas de sangue nos olhos. Era um triângulo amoroso de sexta-feira 13 e ele não ficara sabendo? Então a moça estava com a arma apontada a poucos metros deu seu coração, quando, de longe, ouviu os riffs de smoke on the water em seus ouvidos.

Acordou assustado. Era madrugada e estavam ligando de forma restrita para ele. Que diabos, praguejou. Pegou o telefone e disse: - Alô?
- Pai, precisamos conversar. Uma voz rouca disse.
Pai? Isso era engano. Não tinha filhos. Deveria ser engano, mas no momento, sentiu algo diferente naquela frase.

sábado, 23 de junho de 2012

Penumbra

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Em algum ponto daquele lugar chamado Terra, as vítimas estavam desejando o mesmo. É raro essa telepatia humana funcionar e essas vítimas cruzarem-se pela estrada. Não foi que aconteceu? Rápido e repetidamente, o Cosmo conspirou para que o dia terminasse melhor do que começou. E lá se foram solitários e esperançosos por aquilo que desejavam nas trocas de olhares subtendidos.
Era pra ter sido apenas uma proposta indecente, mas acabou atenuando tudo aquilo que atormentava os ânimos. Decididamente, não esperavam toda essa história.


O relógio marcava 00:00 A.m e o horizonte que antes estivera nublado e com ar fúnebre, estava quase tão belo quanto a moça desta história. Após encontrar o moço que tanto a assombrava e a fazia sorrir, deram as mãos e caminharam por aquelas ruas até o pequeno arco que ficava próximo ao mar que estava calmo, só assistindo o casal de apaixonados. Conversaram sobre coisas bobas que os casais apaixonados tanto conhecem. Após devaneios sobre o futuro, eis que outra proposta é feita à moça.


Foram para aquele lugar pouco iluminado e entregaram-se aos poucos, jogando da melhor forma possível o jogo da paixão. Entre beijos e palavras, aqueles olhos penetrantes faziam-lhe estremecer quando um sorriso aparecia nos lábios levemente avermelhados. Deitado em seu colo, revelações foram feitas:
 
“– Com você é diferente...” Falou timidamente.
“– Por quê?” Indagou o moço com um sorriso no rosto.
“– Sei lá, parece coisa de filme.” Confessou.
“– Bem- vinda ao meu mundo, pequena princesa e próxima vítima das tentações mais obscuras que a farei enfrentar.” Brincou e a beijou. 

As próximas horas que passaram foram cheias de palavras doces e beijos de tirar o fôlego. Não havia solidão no meio daquela penumbra que os cercava – mesmo estando sozinhos. Esses momentos são questionáveis quando estamos cercados de pessoas que não nos fazem sentir o mesmo. É um mix entre a paixão, os feromônios e seus derivados. Os primeiros raios solares marcaram a despedida e as últimas palavras:


“– Obrigado!
“– Pelo que?
“– Por deixar o meu dia mais feliz.

E com uma troca de olhares felizes, beijaram-se até que por fim tomaram seus caminhos para aquela rotina pacata e o começo de saudades entre ambos.

domingo, 13 de maio de 2012

Vingança

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Na sujeira da sua ex-muralha, o desejo de vingança flutuava e cegava-o; um surdo-e-mudo por brincadeira do destino. No sofá da sala, a moça estava estática com aquele brutamonte em sua intimidade. Ele, sujeito da vida, buscava o prazer naquelas curvas que um dia foram cheias de charme e desavenças. Quando o líquido transparente foi expelido, simplesmente deixou-se cair ao lado do cadáver e cochilou até o luar entrar pela janela aberta e o acordar. Com as vestimentas dum verdadeiro corvo, olhou para o relógio na parede rachada e uma súbita vontade de matar entrou no seu pobre coração.


O frio da chave de sua Harley-Davidson o trouxe calafrios, mas mesmo assim, deu partida e começou a cantar mentalmente para afastar os demônios que a noite guardava. A cidade estava tão escura que ele pensou que outro furação passara por ali. A baixa luminosidade das vielas dava o tom obscuro perfeito para o assassino obter êxito na sua caçada. O plano perfeito estava para entrar em ação. Apenas alguns minutos... No final da rua, a casa azul destacava-se pela beleza incomum naquele pobre bairro. Desceu de sua Harley e pôs-se em movimento quando um refrão o atingiu: “I've got to break free...


Na fechadura da porta de madeira preta, usou suas táticas de bandido, abrindo-a após poucos segundos e entrou na sala, desejando saciar sua sede de sangue. Sorrateiramente, caminhou pela sala e checando todas as portas que ali havia, subiu as escadas e olhou fixamente para a única porta que estava no final do corredor iluminado por candelabros tortos nas paredes. Empurrou a porta dum modo tão silencioso, que por um instante, ouviu apenas a sua leve respiração e a do homem que matara sua mãe.


O gosto da bílis encheu a sua boca assim que a imagem do homem debruçado apenas de cueca no colchão entrou em foco. O ódio que sentiu limpou as dúvidas que poderia ter naquele momento. Um breve resumo mental entrou em foco: os sorrisos da mãe; os amigos de escola; momentos felizes... o assassinato de sua mãe e o início da metamorfose animalesca da sua alma. Sacou a faca e, depositando toda a sua fúria, desferiu um golpe no pescoço de porco do homem. O futuro morto abriu os olhos e lágrimas caíram, mas não havia mais nada pra ser feito.


Descendo as escadas, deparou-se com uma jovem fechando a porta da sala. A filha do otário pensou. Com a faca na mão, o deleite sanguinário confortou o seu ego mais uma vez na noite.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Transcendente

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O instinto humano é inquestionável.
Frágil diante do medo, a essência da alma é exibida.
Não há saída para as dores, nem para os amores,
É fugir para não deixar-se levar.


E ali estavam os nossos protagonistas: na decadência humana.
Não havia sensibilidade pelo objetivo. A caça era tudo.
O lamento chegava a ser estúpido.
Truísmo.


A perseguição não durou mais que alguns tremores corporais.
Sempre as mesmas palavras e lamentos.
O uivo final!


Observando o tesouro vermelho pelas fendas distintas,
A alma da vítima era derramada de suas presas. O final decadente.
O que merecemos.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"The Dark Side of the Moon"

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Os sóis que ali brilhavam, jaziam ofuscados pela densa neblina.
As raças extintas, eram resultado das grandes revoluções anarquistas.
A grande máquina destruidora de almas viajava anos luz em direção ao esconderijo.
Os últimos torturadores respiravam penosamente.

Nos escombros do que havia sido a Terra,
Os amantes compartilhavam os seus últimos momentos escolhidos pelo destino.
Os lamentos da caça escorriam pelos seus lábios, algo denominado
Amor.

No calor do momento, o desespero dos culpados ecoou nas sobras da humanidade.
"Quão frágeis nós somos..."
O contrato final foi selado com o beijo.

Dois minutos para a meia- noite,
O lado negro da lua surgia nos horizontes e a
Vida fora ceifada do Universo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Heterocromia

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Nos teus olhos, querida, o luar é ofuscado diante do
Mar de cores que tu deixa ao passar.
A juventude é destacada pelas ações corporais e a
Paixão exalada pelos poros.

Os feromônios deixados por você, formam a trilha da perdição.
Tão solitário no preto, encontra-se o vermelho no estático coração aleijado.
Disparando sobre as curvas eletrificadas, tu atingiu o alvo errado.
Eram azuis ou verdes?

O embaralhamento mental é inevitável.
Os belos labirintos trazem o que nunca quis.
"Uma bebida, garçom."

Os contrastes ficarão atraindo vítimas em potencial.
Ah...
Nossas cores.

domingo, 8 de abril de 2012

Adeus

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O universo paralelo era a sua moradia.
Um tanto inóspito pelas guerras, o fogo vermelho
Tremeluzia para o ex nômade.
O cósmico conspirava.

Com a bengala no chão, liberdade era viver.
Matutando embriagado, os outros desejou ajudar.
Não houve pagamento,
A mesma e velha história.

O doce doutrem amargava os lábios partidos.
A verdade era mascarada.
A humanidade jazia modificada.

E se o sabor inexistente da pureza pode mudar,
Os sábios por natureza também.
Por que não?

quinta-feira, 29 de março de 2012

Simetria

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A afirmação silenciosa era visível: o reflexo obscuro estava instável.
Por proporção, a outra sombra engolia-se automaticamente.
A verdade não mentia: não havia simetria.
Não ali.

Internamente, os sentidos estavam turvos, atrapalhando a mutação.
Uma pequena gota seria o suficiente para a catástrofe.
A face pálida dialogou em silêncio.
O eco produzido trouxe o esplendor da alvorada.

Os movimentos graciosos do feio eram belos.
A leveza nunca vista estava sendo apreciada.
Mais um ciclo havia se completado.

Diante da superação considerada impossível,
Seus lábios pronunciaram uma única palavra para o reflexo no espelho:
Simetria.

terça-feira, 6 de março de 2012

Parque dos Horrores

3 trocas
O Parque havia fechado para visitação.
O Carrossel girava solitário, exibindo o velho tom monocromático de sempre.
Almas se divertiam no local, mas a casualidade as afastou e a ferrugem foi o que restou.
O silêncio reinou.

Na Casa dos Espelhos, viam- se diversos rostos censurados.
As risadas eram ecoadas por fantasmas mudos, as lembranças.
Reflexos jaziam sem Vida nos estilhaços convidativos.
A saudade reinou.

O Caminho das Águas foi um cenário cobiçado.
Na maioria das vezes, foi calmo. Outras, nem tanto.
O rubro deixado pelos corações partidos, tomou conta da transparência antes existente.

A Roleta - um tanto convidativa -, era o escape perfeito.
Frio, o metal arrepiava todos que o tocavam e deletava aqueles que o usavam.
Seis lugares para um passageiro. Então o sangue escorreu, morno e espesso.

A paz paranóica situou- se na mente aliviada.
O único caminho era turvo e com uma doce voz repetindo a mesma frase:
"Bem- vindo ao Parque dos Horrores."

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"Let it be"

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Quantas "últimas chances" serão necessárias pra sanar essa cratera no meu peito?
Cada chance jogada fora vem acompanhada da mais doce frustração.
O veneno agridoce que não preciso e desejo tanto, o
Vício inabalável que me destrói.

Os bloqueios avisam o perigo que o pensamento pode causar,
Então a insanidade chega e me faz ousar.
As tentativas em vão são enterradas e a concepção anterior reformulada.
O que seria feito dos brinquedos quebrados se conservados?

A falta de chuva alastra a mente pra ocultar o estrago e desejar outras saídas.
A cadeia repete- se.
A Vida continua sendo sugada e o exorcismo parece nunca chegar.

O caminho tende a piorar, ficando mais estreito em cada curva ou atalho utilizado.
Se não posso desafiar a Física, terei de seguir ao extremo e aprendendo
Que é melhor aprender antes do que ser vítima de gameshark desatualizado do desconhecido.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Noturnos

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Pelo vidro, as luzes da escuridão tremiam e obscureciam as silhuetas.
Por dentro, o frio estava intenso a ponto de congelar o meu corpo.
Nossos passos emitiam a mais bela melodia, a melodia da Vida.
Assim que me tocou, senti o sabor acre de hortelã em sua boca.

Deliberadamente, me entreguei e
Nos seus encantos, me afoguei.
Despertando solitariamente, não exigi nada para ninguém.
Tive o que me convém.

Sozinho no quarto de hotel, deixei os fantasmas do passado me atormentarem.
Fiz o que não deveria... cai em tentação.
Estava anestesiado em dor e prazer.

Pela porta entreaberta, ela voltou e sussurrou ao meu ouvido. Sorri.
O brilho da sua lâmina atravessou o meu coração. Sutilmente, vi a escuridão se fechar ao meu redor.
Noturnos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Inacabada"

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Horas não contadas,
Os meus sentidos estão desligados.
Preciso fechar os olhos para
Acordar desse devaneio sem saída.

É uma guerra interna, uma batalha ideológica
Auto suficiente destrutível.
O cemitério é o meu recipiente,
Lugar que a alma solitária é aprisionada.

Encolhido na densa escuridão iluminada,
Qualquer desconhecido é conhecido.
Sempre esqueço o principal dessa passagem, afinal...

O recomeço é a contra-mão por onde os erros voltam em ciclos.
Sempre as mesmas coisas, sempre as mesmas indagações.
Acorda.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Entrelinhas

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Quanto tempo foi necessário? Nem eu sei dizer...
E com simplicidade, atingiu a minha zona de perigo.
Algumas conversas e muitas risadas.
Um devaneio acordado: meu coração não aguentou.

Exótica, fez as minhas estruturas balançarem.
Encontrei alegria nesse teu jeito jovial de ser mulher.
E de várias formas lutei contra o desejo, mas
Foi inevitável.

Negra, qual é o segredo desse teu sorriso?
É uma complexidade desconexa, um enigma que preciso decifrar.
Bela por existir.

Antes mesmo de pensar em acontecer, havia acontecido.
É um fogo que incendeia os meus sentimentos.
Música que me completa por inteiro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cena 1

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Após dias desacordado, o telefone toca e ele desperta quase que automaticamente e leva a mão ao gancho:
- Alô? - Diz com uma voz rouca e abafada. - Quem está falando?
Do outro lado da linha, uma voz suave e meiga responde:
- Amor, sou eu. Estou ligando há dias e você não atende... Como vai? O que aconteceu?
No momento em que Fernando compreende com quem está falando, recorda de tudo... Foi uma briga simples, algo que todo casal deve superar com o passar do tempo.
Era uma da madrugada quando Lúcia decidiu desistir de ligar e esperar Fernando acordada. Foi para a cama com o coração na boca e os pensamentos nele: "ele estará me traindo agora?" "o que será que aconteceu para ele não me atender?", era tudo em que pensava. Mas assim que deitou, pegou no sono. E logo em seguida, Fernando chega em casa. Bêbado e despenteado. Foi direto acordar Lúcia, mas quando ela percebe a situação do marido, fica furiosa:
- Você está BÊBADO, LUIZ FERNANDO! BÊBADO! E essa marca de batom na sua camisa?! - diz, nervosa.
Desajeitado, ele procura pela tal marca de batom e percebe que realmente havia uma.
- Amor, não sei o que isso significa. Não estava traindo você, apenas bebi muito e passei dos limites. Me desculpa, estava comemorando a minha promoção no traba...
- DESCULPA?! Você chega em casa bêbado e com uma marca de batom na camisa e quer que eu pense o que?
- Mas amor, eu te amo! Nunca faria isso com você. Deixa eu explicar...
- Quer saber, acabamos aqui e agora. Chega, vá embora agora. Não quero ouvir a sua voz tão cedo. - Lúcia disse aquilo com lágrimas nos olhos e as pernas tremulas.
Sem alternativas, Fernando deixa o quarto. Antes de sair da casa, pensa em voltar até o quarto e tentar conversar, mas o álcool era maior e ele nem chega a tentar. Saindo de casa, toma um táxi qualquer para o seu antigo apartamento.
Chegando, foi direto ao banheiro decido a acabar com a sua vida. Como viveria sem a mulher da sua vida de agora em diante? Pegou o vidro de comprimidos para dormir que estava no lavabo e despejou todos na boca. Depois dos comprimidos, foi direito para a cama e apagou com a intenção de nunca mais acordar. Apesar do desejo, acordou dias após com Lúcia do outro lado da linha:
- Lúcia, posso explicar tudo. - Fernando diz nervosamente.
- Amor, não precisa explicar nada. Todos do seu trabalho estão preocupados com você, principalmente eu. Seu chefe me contou tudo.
- Ah. - Aliviou- se por um momento. - Então, você irá me aceitar novamente?
- Lógico! Você não sabe o que eu passei durante esses 4 dias que você estava sumido.
- Me perdoe, prometo que não acontecerá novamente, amor. Você é única na minha vida... é difícil explicar essas coisas do coração. A única coisa que sei, é que te amo no fundo do meu coração, e caso eu perca você, irei junto. No momento em que brigamos, perdi o meu chão. Perdi você, perdi meu Mundo. Eu te amo, é isso que quero que você entenda. - Fala sorrindo e com uma sensação de tremor no coração.
Lúcia fica calada por um instante e depois cria forças para responder àquela declaração:
- Luiz Fernando... Sabe que sinto o mesmo por você. Não quero perdê- lo novamente. Em qual lugar você se encontra? Quero ir ao seu encontro, preciso do teu calor.
- Estou no meu antigo apartamento.
- Chego em quinze minutos. Quinze! Beijos, te amo.
- Também te amo, Lu.
Passado os quinze minutos, o telefone de Fernando toca. Ansioso e pensando que era Lúcia, atende:
- Por que a senhorita não chegou até agora, dona Lu?! - Rindo, fala em tom de provocação.
Do outro lado da linha, uma voz dura e escura responde:
- Senhor Luiz Fernando? Sinto muito em lhe informar, mas a sua esposa Lúcia, sofreu um grave acidente.
- Acidente?! Como ela está? Preciso ir no local agora. - fala deixando o nervosismo falar mais alto.
- Você terá que ser forte... a sua esposa, ela... morreu. - o homem entrega a sua sentença de morte.
Nesse momento, as palavras foram proferidas como lanças de fogo no coração de Fernando. Desnorteado, larga o telefone e se entrega ao chão frio.
- NÃO É POSSÍVEL! Lu, meu amor, minha pequena. Por que Deus? POR QUE a tirou dos meus braços?! Eu a amo TANTO! - desabou em lágrimas. Quando conseguiu levantar, saiu do apartamento gritando pragas por sua amada. Lá fora, chovia pesadamente e o horizonte estava cinza de um tom fúnebre.
Correndo no meio da rua, se jogou no meio de uma carreta que não teve tempo de frear. Após o impacto, Fernando estava estatelado no chão: com vários hematomas, o coração em pedaços e sangue na boca.
A chuva o afogava no seu próprio sangue. Dando seus últimos suspiros, ele pronuncia a sua última frase aos céus: - Lúcia, agora estaremos juntos. Nosso amor será eterno, eu te amo.
***

Com a analise concluída, o diretor larga o script na mesa e fala para os atores:
- Vamos começar a gravação?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Recaída

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Após o momento de êxtase, cai o arrependimento.
E é nesse momento em que os pensamentos começam a praticar o embaralhamento habitual.
São nuvens carregadas de devaneios e tempestades de culpa.
Odeio recomeços.

Procurando alguma anestesia, troco de disco várias vezes até encontrar algo psicodélico o suficiente.
Na frete do espelho, vejo outro alguém. Não é possível...
Faço a barba para apagar essa imagem da minha cabeça, mas é apenas a imagem que se altera,
A pessoa que aparece nela continua a mesma.

De súbito, pressiono a arma contra a minha cabeça.
O suor pinga; o coração acelera e a raiva se esvai.
Largo ali mais uma recaída do meu maior vício.

E mais uma vez, tenho de recomeçar a luta que nunca acaba.
Parece eterno...
Recaída.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Abstinência

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Sofro de várias.
São de variadas formas e de diferentes tamanhos.
Algumas machucam a alma, outras partem o coração.
E de abstinência em abstinência, a Solidão surge para me assombrar.

São saudades imortais que nos marcam até o final.
Ferindo o ego e os desejos ocultos,
Elas fogem sem endereço...
O loop de saudade torna- se eterno.

Lutas sentimentais dentro dos grandes,
A abstinência derruba todos,
De um por um, sem distinção.

Sugando nossas Vidas, elas ativam as paranoias oculares.
O que resta? Apenas a saudade; a vontade...
Abstinência.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mutação

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Durante a calada da noite, algo estranho está no ar.
Diante da escuridão, a cidade dorme profundamente...
E no meio do nada, ele encontra- se rastejando em rumo desconhecido,
Para o além.

Na tempestade, sussurros tentam enganá- lo,
Mas, ele parece gostar.
Olhando para a poça d'água, ele procura decifrar quem está vendo.
Ele tornou- se o pior dos seres; uma incógnita.

Excluído de diferentes maneiras, o único caminho é caminhar sozinho.
De sarjeta em sarjeta; um forasteiro de história e estórias nunca relatadas,
Ele continua a sua metamorfose.

Sonhos perdidos,
Amores não concluídos.
Mutação.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Uma postagem diferente.

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Às vezes, as coisas mudam para pior. Esse pior nem sempre quer dizer que essa mudança te atrapalhou. São desafios propostos para o avanço e um meio de ganhar Sabedoria. No meu caso, virei um negligenciador de palavras. Deixei de lado tudo que não queria ao meu redor e por mais que fosse ruim, afastei o que não deveria. Que eu não perca os meus valores... Necessito saborear as exclusividades propostas pela caminhada. Não irei pesar nada que se passou, sou ingrato da forma que poupa palavras. E outro ano acaba e poucas pessoas realmente importam. Algumas te abandonam sem motivos verdadeiros, outras saem para nunca mais voltar. E assim a catraca continua rodando... Algo te derrubando e muitos poucos te ajudando. Vamos lá! Força, bebê.
Mas, o que realmente importa? No geral, datas são apenas eventos simbólicos nos quais uma lapa comemora ou tenta se enganar por meio de promessas quebradas e o íntimo desejando mudança. Que enganem- se! O Mundo criou um placebo coletivo que só pode ser assegurado e ter uma cura por meio dessa enganação. Desejar que tudo comece a funcionar da forma que queremos; lutar até o último segundo. E o que tu poderá fazer? Nada! Muitas coisas precisam ser resolvidas por nós mesmos. Não adianta. Força. Creio que isso foi um feliz ano novo à todos. Aobrigado.