segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Entrelinhas

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Quanto tempo foi necessário? Nem eu sei dizer...
E com simplicidade, atingiu a minha zona de perigo.
Algumas conversas e muitas risadas.
Um devaneio acordado: meu coração não aguentou.

Exótica, fez as minhas estruturas balançarem.
Encontrei alegria nesse teu jeito jovial de ser mulher.
E de várias formas lutei contra o desejo, mas
Foi inevitável.

Negra, qual é o segredo desse teu sorriso?
É uma complexidade desconexa, um enigma que preciso decifrar.
Bela por existir.

Antes mesmo de pensar em acontecer, havia acontecido.
É um fogo que incendeia os meus sentimentos.
Música que me completa por inteiro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cena 1

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Após dias desacordado, o telefone toca e ele desperta quase que automaticamente e leva a mão ao gancho:
- Alô? - Diz com uma voz rouca e abafada. - Quem está falando?
Do outro lado da linha, uma voz suave e meiga responde:
- Amor, sou eu. Estou ligando há dias e você não atende... Como vai? O que aconteceu?
No momento em que Fernando compreende com quem está falando, recorda de tudo... Foi uma briga simples, algo que todo casal deve superar com o passar do tempo.
Era uma da madrugada quando Lúcia decidiu desistir de ligar e esperar Fernando acordada. Foi para a cama com o coração na boca e os pensamentos nele: "ele estará me traindo agora?" "o que será que aconteceu para ele não me atender?", era tudo em que pensava. Mas assim que deitou, pegou no sono. E logo em seguida, Fernando chega em casa. Bêbado e despenteado. Foi direto acordar Lúcia, mas quando ela percebe a situação do marido, fica furiosa:
- Você está BÊBADO, LUIZ FERNANDO! BÊBADO! E essa marca de batom na sua camisa?! - diz, nervosa.
Desajeitado, ele procura pela tal marca de batom e percebe que realmente havia uma.
- Amor, não sei o que isso significa. Não estava traindo você, apenas bebi muito e passei dos limites. Me desculpa, estava comemorando a minha promoção no traba...
- DESCULPA?! Você chega em casa bêbado e com uma marca de batom na camisa e quer que eu pense o que?
- Mas amor, eu te amo! Nunca faria isso com você. Deixa eu explicar...
- Quer saber, acabamos aqui e agora. Chega, vá embora agora. Não quero ouvir a sua voz tão cedo. - Lúcia disse aquilo com lágrimas nos olhos e as pernas tremulas.
Sem alternativas, Fernando deixa o quarto. Antes de sair da casa, pensa em voltar até o quarto e tentar conversar, mas o álcool era maior e ele nem chega a tentar. Saindo de casa, toma um táxi qualquer para o seu antigo apartamento.
Chegando, foi direto ao banheiro decido a acabar com a sua vida. Como viveria sem a mulher da sua vida de agora em diante? Pegou o vidro de comprimidos para dormir que estava no lavabo e despejou todos na boca. Depois dos comprimidos, foi direito para a cama e apagou com a intenção de nunca mais acordar. Apesar do desejo, acordou dias após com Lúcia do outro lado da linha:
- Lúcia, posso explicar tudo. - Fernando diz nervosamente.
- Amor, não precisa explicar nada. Todos do seu trabalho estão preocupados com você, principalmente eu. Seu chefe me contou tudo.
- Ah. - Aliviou- se por um momento. - Então, você irá me aceitar novamente?
- Lógico! Você não sabe o que eu passei durante esses 4 dias que você estava sumido.
- Me perdoe, prometo que não acontecerá novamente, amor. Você é única na minha vida... é difícil explicar essas coisas do coração. A única coisa que sei, é que te amo no fundo do meu coração, e caso eu perca você, irei junto. No momento em que brigamos, perdi o meu chão. Perdi você, perdi meu Mundo. Eu te amo, é isso que quero que você entenda. - Fala sorrindo e com uma sensação de tremor no coração.
Lúcia fica calada por um instante e depois cria forças para responder àquela declaração:
- Luiz Fernando... Sabe que sinto o mesmo por você. Não quero perdê- lo novamente. Em qual lugar você se encontra? Quero ir ao seu encontro, preciso do teu calor.
- Estou no meu antigo apartamento.
- Chego em quinze minutos. Quinze! Beijos, te amo.
- Também te amo, Lu.
Passado os quinze minutos, o telefone de Fernando toca. Ansioso e pensando que era Lúcia, atende:
- Por que a senhorita não chegou até agora, dona Lu?! - Rindo, fala em tom de provocação.
Do outro lado da linha, uma voz dura e escura responde:
- Senhor Luiz Fernando? Sinto muito em lhe informar, mas a sua esposa Lúcia, sofreu um grave acidente.
- Acidente?! Como ela está? Preciso ir no local agora. - fala deixando o nervosismo falar mais alto.
- Você terá que ser forte... a sua esposa, ela... morreu. - o homem entrega a sua sentença de morte.
Nesse momento, as palavras foram proferidas como lanças de fogo no coração de Fernando. Desnorteado, larga o telefone e se entrega ao chão frio.
- NÃO É POSSÍVEL! Lu, meu amor, minha pequena. Por que Deus? POR QUE a tirou dos meus braços?! Eu a amo TANTO! - desabou em lágrimas. Quando conseguiu levantar, saiu do apartamento gritando pragas por sua amada. Lá fora, chovia pesadamente e o horizonte estava cinza de um tom fúnebre.
Correndo no meio da rua, se jogou no meio de uma carreta que não teve tempo de frear. Após o impacto, Fernando estava estatelado no chão: com vários hematomas, o coração em pedaços e sangue na boca.
A chuva o afogava no seu próprio sangue. Dando seus últimos suspiros, ele pronuncia a sua última frase aos céus: - Lúcia, agora estaremos juntos. Nosso amor será eterno, eu te amo.
***

Com a analise concluída, o diretor larga o script na mesa e fala para os atores:
- Vamos começar a gravação?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Recaída

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Após o momento de êxtase, cai o arrependimento.
E é nesse momento em que os pensamentos começam a praticar o embaralhamento habitual.
São nuvens carregadas de devaneios e tempestades de culpa.
Odeio recomeços.

Procurando alguma anestesia, troco de disco várias vezes até encontrar algo psicodélico o suficiente.
Na frete do espelho, vejo outro alguém. Não é possível...
Faço a barba para apagar essa imagem da minha cabeça, mas é apenas a imagem que se altera,
A pessoa que aparece nela continua a mesma.

De súbito, pressiono a arma contra a minha cabeça.
O suor pinga; o coração acelera e a raiva se esvai.
Largo ali mais uma recaída do meu maior vício.

E mais uma vez, tenho de recomeçar a luta que nunca acaba.
Parece eterno...
Recaída.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Abstinência

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Sofro de várias.
São de variadas formas e de diferentes tamanhos.
Algumas machucam a alma, outras partem o coração.
E de abstinência em abstinência, a Solidão surge para me assombrar.

São saudades imortais que nos marcam até o final.
Ferindo o ego e os desejos ocultos,
Elas fogem sem endereço...
O loop de saudade torna- se eterno.

Lutas sentimentais dentro dos grandes,
A abstinência derruba todos,
De um por um, sem distinção.

Sugando nossas Vidas, elas ativam as paranoias oculares.
O que resta? Apenas a saudade; a vontade...
Abstinência.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mutação

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Durante a calada da noite, algo estranho está no ar.
Diante da escuridão, a cidade dorme profundamente...
E no meio do nada, ele encontra- se rastejando em rumo desconhecido,
Para o além.

Na tempestade, sussurros tentam enganá- lo,
Mas, ele parece gostar.
Olhando para a poça d'água, ele procura decifrar quem está vendo.
Ele tornou- se o pior dos seres; uma incógnita.

Excluído de diferentes maneiras, o único caminho é caminhar sozinho.
De sarjeta em sarjeta; um forasteiro de história e estórias nunca relatadas,
Ele continua a sua metamorfose.

Sonhos perdidos,
Amores não concluídos.
Mutação.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Uma postagem diferente.

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Às vezes, as coisas mudam para pior. Esse pior nem sempre quer dizer que essa mudança te atrapalhou. São desafios propostos para o avanço e um meio de ganhar Sabedoria. No meu caso, virei um negligenciador de palavras. Deixei de lado tudo que não queria ao meu redor e por mais que fosse ruim, afastei o que não deveria. Que eu não perca os meus valores... Necessito saborear as exclusividades propostas pela caminhada. Não irei pesar nada que se passou, sou ingrato da forma que poupa palavras. E outro ano acaba e poucas pessoas realmente importam. Algumas te abandonam sem motivos verdadeiros, outras saem para nunca mais voltar. E assim a catraca continua rodando... Algo te derrubando e muitos poucos te ajudando. Vamos lá! Força, bebê.
Mas, o que realmente importa? No geral, datas são apenas eventos simbólicos nos quais uma lapa comemora ou tenta se enganar por meio de promessas quebradas e o íntimo desejando mudança. Que enganem- se! O Mundo criou um placebo coletivo que só pode ser assegurado e ter uma cura por meio dessa enganação. Desejar que tudo comece a funcionar da forma que queremos; lutar até o último segundo. E o que tu poderá fazer? Nada! Muitas coisas precisam ser resolvidas por nós mesmos. Não adianta. Força. Creio que isso foi um feliz ano novo à todos. Aobrigado.