terça-feira, 21 de abril de 2020

Desperta a dor

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Só 40 minutos,
Um cochilo.
Despertou e eu despertei.
O desativei e dormi e acordei
Com o som da noite
E as estrelas querendo nascer.
Pela janela.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Onda

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Nos encontramos ao acaso
Nem perguntou o meu nome
Me puxou pela mão e saiu correndo
Disparadamente pra longe da multidão
Sorria, gargalhava e vibrava

Em vida, em sons, em cores
Tudo pra ela explodia em
Tons nunca assimilados por tão
Belo par de olhos humanos
Que me hipnotizaram

E junto dela também vibrei
Enquanto ela me contava sobre uma casa vazia
E nós começamos a dançar
Porque uma casa vazia também é cheia de
Solidão

Que não durou muito tempo
Pois projetamos imagens mentais em cada cômodo
Todo pedacinho dela foi preenchido por cores
Por vida, por amor, por nós
Na mesma sintonia da batida dos corações

Durou apenas nove minutos e
Vinte segundos
Tempo suficiente pra me transformar e eclodir
Em pureza e em
Solitude.

Sendo assim

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Falando em custo x benefício,
Custaria um preço muito elevado
Talvez elevado até demais.
Quanto vale o show?

Ela tentou aprender o japonês em braile
Enquanto ele ainda aprendia eu te amo em francês
O resultado foi mais do que óbvio.

Erro de tradução...


Na boca da noite

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Tenho, acima de mim, um manto azul escuro bordado com estrelas de diferentes formas e tamanhos. As encaro como se elas também estivessem me encarando. Quem poderia dizer que não? São três da manhã, o sono foi mascarado por uma dose de sentimentos e sensações mais cedo. Talvez a madrugada seja mesmo para escrever. E fumar. E foder. Não nessa ordem, e não necessariamente é assim que deve ser. Às vezes, você só fuma; outras você fode e/ou fuma. Outras você sequer sabe o seu nome. Ao acordar eu era um, e agora, sem ter dormido, sou outro. É incrível como as coisas acontecem e como a gente muda, é mesmo do dia para noite. Eu nunca soube bem quem eu era ou muito menos quem eu estava me tornando. Vez ou outra essa dúvida me pica como uma cobra venenosa que não larga. Não adianta chamar resgate ou pedir socorro: eu preciso sentir na pele a dor de ser quem eu não sou. É uma dor necessária? Tudo é necessário quando se tem um propósito (desconhecido)
Sinto a minha pressão caindo, meu voo é em direção ao chão de terra batida. Antes de encostar em sua superfície, imagino a sua textura árida e fria tal qual um chão deve ser numa noite tão solitária e cheia de mim. É proibido fechar os olhos antes do impacto, mas aqui nós tentamos violar todas as regras. A única regra é: viole as regras. Há uma criança dentro de mim que sorrir a cada batida que meu coração pula em um momento de perigo em que me coloco conscientemente. Você foi um erro assim como eu sou um. Minha mente desfalece antes que eu consiga tocar o chão e saber se a imaginação acertou mais uma vez. Como sei que não estou acordado?
(Nem eu sei)
Me uno junto ao céu que tanto paquerei. Queria ser uma estrela, ter o brilho de uma estrela e ser apreciado como uma estrela. Dessa vez eu vou subindo, subindo e subindo. Olho para baixo e vejo um corpo sem vida e com os olhos vidrados no além. São olhos julgadores, frios e sem medo, parecem que sequer estão me enxergando mesmo eu estando em seu campo de visão. Aquele ser olha através de mim. E o que sou eu? Poeira cósmica recém-formada, um ser livre e consciente. Aquela casca terá que esperar, eu preciso voar o mais alto que eu puder antes que ela tome controle e me aprisione mais uma vez. Será que dessa vez a fuga será eterna? O que é eterno? Não sou capaz de julgar nada.
E antes que eu consiga atravessar a atmosfera, sei que estou fadado, mais uma vez, àquele que me libertou para essa viagem. Ele não era uma pessoa tão boa assim... Me mantinha em cativeiro para o seu próprio bem-estar. Qual era o preço de ser livre? A liberdade só existe em nosso pensamento. A liberdade aprisiona, essa é a grande verdade. Livre para? O que fazer com ela é que poderá, em algum nível, tentar descrever e definir o nosso ser. Sei que estou voltando, me sinto mais uma vez caindo, só que agora em direção ao meu porto não tão seguro. Antes que eu consiga tentar qualquer escapada, olho uma última vez para o horizonte estrelado e vejo uma estrela cadente.
Abro os olhos e consigo fazer um pedido. É importante me certificar de que estou vivo, de que não quebrei nada. Sinto meu pescoço, meus braços e as minhas pernas. Movimento as mãos e os pés; tento sentir a textura daquele solo e mais uma vez eu acertei. Estou mais uma vez lá e pronto para a próxima. Olho no meu relógio e forço bastante para enxergar que horas são e não consigo por conta da escuridão. Me levanto e inclino o meu punho em direção ao céu e a luz das estrelas é tão forte que consegue iluminar aqueles ponteiros quase enferrujados. Era irrelevante saber o horário, mas a força do hábito era maior. Não se pode ter um relógio sem a intenção de desenvolver vícios e manias. Rituais, manias e seus usos nada rotineiros. Alimento para o ego.
Eu ainda vivo.

domingo, 12 de abril de 2020

Caminhos

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O entardecer estava se despedindo enquanto o
Anoitecer se preparava pra embalar sonhadores.
Os últimos fortes raios de sol banharam aquele rosto
E deram vida àquele pequeno grande lutador.

O sinal havia fechado assim como os seus olhos,
E ele começou a apertar o freio em sua graciosidade.
Olhou para o painel danificado e soube que nunca realmente precisara dele.
Apesar de dançar no escuro sem esse guia, era possível coreografar no salão do Mundo.

Largou as mãos do guidão e deixou a adrenalina da
Descida encher o seu corpo de gelo e excitação.
Quem controlava aquela máquina naquele momento?
Alguém realmente já esteve no controle? Os Deuses riram.

Retomou a direção e parou logo abaixo do semáforo.
O sussurrar da vida lá fora, nas ruas e no céu,
Coloriram os seus olhos. Um caleidoscópio vivo.

Era um ótimo dia pra estar vivo.
Sempre o é.
Sorriu e acelerou rumo ao desconhecido conhecido
Tão somente a quem já o viveu.

E antes de finalizar sua jornada,
Talvez a gasolina acabasse logo em sequência, na ponte.
Empurrar ou pular no rio? 
Caminhos.


O padrão do aleatório: lembranças

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Um lapso de memória me trouxe acontecimentos de dois anos atrás: o início começou pelo fim, mas veio com calma; o restante veio na velocidade da luz. Isso em mente, você percebeu o padrão? Até não ter um padrão é um padrão. Descartando isso, é possível tocar o que de fato foi tangível pra mente e pro espírito? Sempre há uma lição, e às vezes, só percebemos um tempo depois.
E eu encerro por aqui mesmo, não há mais nada a ser falado. A reflexão é um trabalho diário.

Repetição

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Se deparou com a ausência de sentido da vida?
Nunca, de fato, sequer existiu.
Talvez seja razoável não levantar da cama nunca mais,
E tudo bem não estar bem.

Essas estatísticas não param de pular aos meus olhos,
É possível que hoje seja o meu vizinho ou o meu irmão.
A morte vive em mim porque estou vivo,
Realmente devo me preocupar?

Notei que produzir nunca foi a causa maior,
Essa estrutura apenas me permitia a geração de desejo
Ao acordar, produzir, consumir e repetir.

Lidar com essa ausência de sentido nos faz encarar a angústia,
Não é mais uma neurose de escolha, é uma repetição sem fim determinado.
Você deverá ser autor de seus sentidos.

Agora é lidar com o quarto branco, com você mesmo
Agora é olhar no espelho diariamente e perceber a sua percepção,
Agora é a hora de agir nem que seja se observando.