sexta-feira, 24 de julho de 2015

Aconteceu

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Escondido nas entranhas do receio,
Desfocado e sem ânimo, ele seguia a sua vida
Azul e negra.
Encarceramento mental.

Nas águas turvas e barrentas da solidão,
Ela colecionava fragmentos cortantes dentro da alma.
Olhou além do horizonte, e
Sorriu.

O encontro não foi combinado,
Talvez até tenha sido o desencontro dos desencontrados.
Encontraram-se um noutro.

Sorrisos sinceros cheios
De abraços infinitos com muito
Amor.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Catatonia Binária

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No descompasso da maré,
Surfando na incerteza invisível e crescente,
Foi possível avistar o palco, lá longe, num horizonte distante.
Outra onda se formava.

(catatonia)

Os olhos foram fechados, e
Logo o encarceramento assumiu o controle.
A introspecção veio, juntamente com a lucidez infiel.
Catatonia.

(binária)

Enxergou o 0 (o sentiu);
Sentiu o 1 (o enxergou).
Catatonia binária.


sábado, 28 de março de 2015

A Chuva e as Lágrimas

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                                     Chove lá fora.
                                                        Aqui dentro, solidão
                                     Lágrimas caem.


sábado, 28 de fevereiro de 2015

Caminhos e Maneiras

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Caminhando deliberadamente e sem rumo, o Viajante Temporal parecia querer esquivar-se de toda e qualquer forma de vida. Na avenida congestionada duma sexta-feira atraente, os carros buzinando e com motoristas xingando, as pessoas conversando e rindo em bando – outras até com fones de ouvido e imersas em seus smartphones – e as propagandas brilhantes nas vitrines com propostas atraentes, porém com produtos ultrapassados, ficaram totalmente em segundo plano enquanto o nosso personagem principal estava tentando, entre tantas outras alternativas, acabar com a sua
(vida)
dor e libertar-se de tudo. Os sons das buzinas eram convertidos em estática mental quando captadas por ele, enquanto as pessoas viravam apenas borrões opacos e sem foco num plano de fundo com as luzes brilhantes num caleidoscópio psicodélico e violento.
            Um maluco descuidado e de patins trombou com ele na calçada quando estava tentando se recuperar da manobra não muito bem sucedida, caindo logo em seguida. Com cordões de prata enormes em forma de cifrão e os olhos pintados dum preto intenso, o jovem loiro e gótico tateou no chão em busca do seu celular que começara a tocar. O baque acabou despertando o Viajante, que olhou com imparcialidade praquele jovem descuidado e continuou andando, mas agora com maior velocidade. Entretanto, o toque do celular dele era uma música bastante marcante em sua vida e o fez recordar, com bastante relutância, o que estava buscando.

            Agora, o seu carro estava estacionado a menos dum minuto dali, mas aqueles pensamentos tão ínfimos o tomaram por quase uma eternidade. Sorriu e entrou no carro. Poderia mesmo ter sido uma eternidade, pensou ele. Ligou o rádio, e adivinhem só?! A mesma música. Contemplou a plenitude de olhos fechados e descobriu que sempre a encontraria dentro de si próprio.