segunda-feira, 8 de maio de 2017

Há quase um ano...

Carta aberta pra você.


Há quase um ano nós tivemos a nossa última noite juntos. E, há quase um ano, ninguém me tocou com tanta ternura e amor como você naquela noite. Tudo foi há quase um ano e eu ainda posso sentir o teu olhar me fotografando, bem como o teu sorriso que tanto me derretia (e ainda derrete) inteiro por dentro. Há quase um ano eu perdi muito mais do que um baita mulherão... Eu perdi uma irmã, a minha melhor amiga, um brother. Parece que foi ontem, mas tudo foi há quase um ano. Ainda lembro, que há quase um ano, estávamos assistindo Stranger Things jogados na sala: você comendo o seu lanche versão kids (que nunca conseguia comer tudo e sempre sobrava pra mim), e eu comendo o maior lanche possível do estabelecimento que gostávamos de pedir. Há quase um ano eu venho vivendo numa realidade totalmente sem cor. Aqui, nessa realidade, todos foram pintados de negro e eu não posso enxergá-los, muito menos eles a mim. Há quase um ano eu venho tentando sobreviver com uma lanterna que achei jogada numa caixa empoeirada. É um labirinto sem tamanho que estou percorrendo, e várias vezes a lanterna falha, pisca mais que as luzes no Natal, só que no final ela ainda sobrevive. A luz não é tão forte, mas sei que ela não se apagará. Há quase um ano e eu ainda sinto o que senti quando me abri pra você pela primeira vez. Acho que foi no lago da universidade, a gente estava na grama e eu chorava e te abraçava porque era tudo muito lindo e eu só queria me fundir a você: de corpo e de alma. Há quase um ano eu não posso dividir o meu dia a dia contigo: nem minhas tristezas ou as alegrias. Há quase um ano eu não sei o que é trocar um sorriso sincero (mesmo eu não sabendo sorrir). Há quase um ano, os nossos planos tiveram que ser engavetados no plano real. Há quase um ano eu me aposentei do back vocal dos Macacos do Ártico, e também deixei de assistir as Vídeo Cassetadas do Faustão. Se pá, um dia cê for até a Argentina e, se pá, lembre, remotamente, que era um dos nossos destinos quando as coisas melhorassem... Há quase um ano eu desejo que as coisas aconteçam graciosamente nas nossas vidas. O lápis em minhas mãos furou diversas páginas abaixo do que acabei de escrever. As palavras estão borradas pelas lágrimas que ainda vem ao lembrar que você já não está mais ao meu lado (toda encolhida, pois sou espaçoso) toda vez que acordo. Essas lágrimas surgiram há quase um ano. Há quase um ano eu venho vivendo uma eternidade sem você.


Rodrigo.

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