quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nirvana

0 trocas
Atordoado nas vielas escuras,
Um homem solitário caminhava.
Em busca de respostas para a vida,
Durante as preces, um anjo chamava.

Na mesma situação, uma jovem mulher se encontrava:
Travando guerras e batalhas em busca da
Liberdade.
Alvos fáceis.

As trajetórias escolhidas, a um longo caminho os levaram,
E coincidentemente, ambos se encontraram.
Permitiram-se.

Os moldes de sua pequena, aos dele encaixavam,
Devagar e continuamente, o amor se intensificava.
Nirvana.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Essência

0 trocas
Aprendeu das piores maneiras a como ocultar
Os sentimentos que o faziam estagnar.
Sobrou apenas frio e dor, o leve
Estopim do rancor.

Acreditou e se rebelou, pegou suas decepções e
Se transformou. Soube usar a queda para levantar.
Conversão perfeita segundo os sábios.
Ouvia e não falava.

Encontrou prazer em lugar hostil,
Largou seus bens e uma roupa vestiu.
Nu no fim do mundo.

Guardava rostos e esquecia perfumes,
Guardava perfumes e esquecia rostos.
Optou pela essência.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Em pedaços

0 trocas

Demora muito até percebermos que aquilo que julgávamos ser uma qualidade, na verdade é um defeito. Pensando bem... Será isso uma verdade? Talvez seja apenas uma questão de percepção, de saber discernir os fatos. O problema pode ser o excesso, pois as pessoas são fáceis de saturar. O lado bom é que podemos mudar só que a evolução é de total responsabilidade de cada um. E, aos poucos, a prática se mostra bem oposta à teoria. No topo das relações difíceis, as relações que envolvem sentimentos são as mais delicadas. Às vezes, precisamos nos desdobrar para entender o próximo, ou simplesmente sabermos ouvir. Você quer planejar algo para certa situação, mas a intensidade da vida não te deixa racionar de forma logica. O amor não é diferente de tudo isso, ao contrário, é uma contradição da realidade. Como células cancerígenas, ele vive às mil maravilhas, contudo, quando ferido, talvez esteja na fase terminal. É preciso saber cuidar, aceitar e viver cada dia como se o amor fosse eterno. Ele é afinal. O problema é a intensidade e disponibilidade para amar que podem ser alteradas. Só que o amor não depende de uma única pessoa, quando amamos ele é plural. É uma troca reciproca.
                                                                                                           
Em pedaços

Já fui singular, mas o plural me atraiu.
Então, virei plural, mas não me satisfiz:
Agora sou menos que um,
Sou quatro em corpos diferentes.

Encontro-me no palco em que vejo as nossas imagens na corda bamba,
Os participantes atordoados com uma possível decisão.
Atuo de forma singela, neutro às aversões que possam existir.
Sinto por todos.

Não é uma das melhores situações, mas tudo bem.
É um risco.
São amores.

Hoje, já não sei quantos sou.
Menos que quatro, suponho,
Somos apenas nós dois.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Resultante

0 trocas
Olhando para o horizonte, as pessoas comentavam que aquela era a noite mais obscura do ano, contudo, ninguém conhecia a profundidade da vida de Jon, que um dia, fora um homem bom. Hoje, não mais. Quando dizem que o homem é influenciável, a verdade prevalece em toda sílaba pronunciada.  Até os "bons" se esvaem, oras. "É o capitalismo!", afirmam, não sabendo o quão intensa é a essência humana. Essa oscilação de conceitos não acabará, apenas espalhará mais raízes para futuras lavagens cerebrais nos homens.

Jon já foi um filho e marido exemplar, porém, depois que encontrou o vício nas drogas, nada mais importou. No mundo das drogas é assim: não há como se esconder após entrar, com raras exceções. Em plena sexta-feira e a cidade estava com um tom cinza diferente de dias comuns, como se um manto estivesse enevoando as mentes. No fim dum beco iluminado por uma fogueira com sombras distorcidas ao redor, Jon se levantou cambaleando e sem saber até mesmo o seu nome. Nesse dia, havia acabado de receber, então, para comemorar, foi forçado a ir de encontro às drogas. No dia anterior, brigou com sua esposa e acabou dormindo na casa da amante. A filha de Jon estava tão cheia de vida até descobrir que tinha um câncer raro e menos de três meses de vida. Além das brigas com a esposa, a doença de Susi foi o estopim para Jon perder a vontade de viver.

Apesar de tudo, Jon amava a sua família. Tinha vergonha por agir sobre impulsos e piorar a atual situação, mas não sabia que os obstáculos são feitos para serem superados. Assim que meio andou, meio cambaleou três metros para longe das sombras, um homem pálido e sem blusa se levantou com algo brilhante na mão esquerda e avançou até o seu alvo. O golpe foi seco, preciso, bem no coração de Jon. Ele, que estava voltando para casa, nunca mais voltou para casa. Deixou de existir sem poder falar o quão importante aquelas pessoas eram na sua -frustrada- vida.