segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Resultante

Olhando para o horizonte, as pessoas comentavam que aquela era a noite mais obscura do ano, contudo, ninguém conhecia a profundidade da vida de Jon, que um dia, fora um homem bom. Hoje, não mais. Quando dizem que o homem é influenciável, a verdade prevalece em toda sílaba pronunciada.  Até os "bons" se esvaem, oras. "É o capitalismo!", afirmam, não sabendo o quão intensa é a essência humana. Essa oscilação de conceitos não acabará, apenas espalhará mais raízes para futuras lavagens cerebrais nos homens.

Jon já foi um filho e marido exemplar, porém, depois que encontrou o vício nas drogas, nada mais importou. No mundo das drogas é assim: não há como se esconder após entrar, com raras exceções. Em plena sexta-feira e a cidade estava com um tom cinza diferente de dias comuns, como se um manto estivesse enevoando as mentes. No fim dum beco iluminado por uma fogueira com sombras distorcidas ao redor, Jon se levantou cambaleando e sem saber até mesmo o seu nome. Nesse dia, havia acabado de receber, então, para comemorar, foi forçado a ir de encontro às drogas. No dia anterior, brigou com sua esposa e acabou dormindo na casa da amante. A filha de Jon estava tão cheia de vida até descobrir que tinha um câncer raro e menos de três meses de vida. Além das brigas com a esposa, a doença de Susi foi o estopim para Jon perder a vontade de viver.

Apesar de tudo, Jon amava a sua família. Tinha vergonha por agir sobre impulsos e piorar a atual situação, mas não sabia que os obstáculos são feitos para serem superados. Assim que meio andou, meio cambaleou três metros para longe das sombras, um homem pálido e sem blusa se levantou com algo brilhante na mão esquerda e avançou até o seu alvo. O golpe foi seco, preciso, bem no coração de Jon. Ele, que estava voltando para casa, nunca mais voltou para casa. Deixou de existir sem poder falar o quão importante aquelas pessoas eram na sua -frustrada- vida.

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