segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Decodificando

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É tão irônico se abrir a esses novos vícios em busca de curar problemas internos antigos. Experimentar novas drogas pra entorpecer a dor de ser quem eu sou e tomar o controle da minha vida. Não àquelas drogas que eu comecei a pegar abuso e que tanto me fizeram entrar num círculo sem fim de tentativas de fuga da tristeza e da dor. Não ao que sempre te incomodou quando você foi a minha luz e me fez enxergar além daquela fumaça pesada e carregada de um cheiro que afastava a tua boca da minha. Agora talvez seja a hora de tratar quimicamente todos os meus neurônios que estão doentes, e é ruim demais pensar em me jogar nisso. É ruim, é cômico e parece punitivo! Talvez as conversas de uma hora com um profissional pudessem dar um jeito, mas eu já tentei, você sabe. Posso não ter tentado tanto, esse é o caso de abrir mão de outras coisas e focar em me curar. Eu era bom em te amar, tão empenhado nisso quanto a querer entupir meu organismo dessas coisas. Do meu jeito, não tão certo e nem aquilo que você esperava de um homem ideal, mas sempre carinhoso e gentil. E o teu amor era a minha garantia de viver sempre nessa onda gostosa de tirar o fôlego. Acabei de ligar e marquei a consulta. Meu coração está com medo.
Quando aqueles comprimidos caírem na minha boca, irei imaginar que você segura a minha mão. Eu vou chorar num mix de tristeza e alegria.