domingo, 19 de janeiro de 2014

Um breve relato (sem aspas) de alguém ainda não identificado

Lá estava eu, deitado na praia, enquanto as ondas quebravam no vento e jogavam respingos no meu corpo. Quando elas batiam no meu rosto e se juntavam com as minhas lágrimas, davam uma sensação que aquecia o coração. No horizonte, tão distante, tão amplo, belas figuras eram formadas com as nuvens-de-algodão-doce-nublado. Ainda lembro do elefante sem orelha e do corpo humano sem cabeça. Quando quis me levantar, lembrei o motivo de ter sentindo uma paz enquanto estava isolado ali, só com os pássaros planando lá longe e as nuvens brincando de formar coisas sem sentido. Senti uma breve vertigem e foi exatamente nesse momento em que a ferida recomeçou a doer. O meu paradigma final.

Essa ferida, essa que gangrenou o núcleo da minha alma, me consome como se tivesse sido amarrada à minha alma num tempo que já não sei se existiu. De tão atemporal que é, ainda luto em busca de respostas, mas sem muito sucesso. E no final, sempre me entrego aos mesmo caprichos, aos mesmos vícios duma rotina martirizante. Já não me importo tanto com despedidas e o que me assusta, é não me assustar com isso. Chegou um momento em que de tanto reprimir, mesmo que inconscientemente, as palavras ficaram gravadas nas cordas vocais. Elas nunca foram pronunciadas e, pelo andar do barco, nunca serão.

Finalizo aqui, num barzinho no centro da cidade, tomando algo que não sei o nome pra curar, mesmo que por um breve momento, essa ferida que me atormenta. Nem mais o meu nome eu sei. Amo essas brechas temporais, me esconder lá enquanto o circo pega fogo e a ferida parece não existir. 

Me sabotei.

1 trocas:

Unknown disse...

=O CÉUS!

Okay, tô indo ali me jogar na frente de um Ônibus com para-choque enferrujado AGORA!

=XXXXXX

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Licença pra licença poética!