sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tentado


Ela era uma estranha conhecida, mas nada disso mudava o fato dele estar dentro dela nesse exato momento. Acima dele, ela o olhava fixamente, com uma leve respiração e um gemido trancafiado na garganta. Os movimentos não foram ensaiados, contudo, eram duma sincronia incrível: ela subia e descia com ferocidade e graça e, por baixo, ele desempenhava o seu papel, com um seio em sua boca e o outro nas mãos. Num movimento rápido, ela encostou se na cama, a cabeça contra o colchão d’água, apenas o esperando entrar. Dessa vez ele foi sagaz, penetrou como se aquela fosse a última forma de prazer existente. Poucos segundos após, derramou sua semente dentro daquele ventre de gelo e fogo. Deixou se cair no chão por alguns minutos e se levantou: - Desculpa. E saiu do quarto de sua irmã.

Foi até a cozinha e preparou um Black Russian, acendeu um cigarro e foi em direção ao seu quarto. Ligou seu MP4 e a música que estava em pausa na lista de reprodução favorita era Comfortably Numb do Pink Floyd. Era engraçado como algumas músicas caiam feito uma luva para certos momentos. A música é algo mágico, capaz de nos liberar e anestesiar até a pior dor mental. Sua irmã, ele praticamente não a conhecia. Filhos dos mesmos pais e uma separação que precisou ser enfrentada logo na infância, quando ainda nem andavam. Agora, com 21 anos, as coisas haviam mudado e os pais estavam se aproximando novamente. Morar na mesma casa é um grande passo, filho...

Deitado, acompanhava mentalmente a música: and I’ve become comfortably numb... Estava se sentido sujo, feito uma peça de sacrifício usada em vão. Nem sequer a beijara. Agora, de duas coisas tinha certeza: o tempo passava para todos e que a carne era fraca, não adiantava correr ou se esconder. O ato foi seco, sem amor. Nunca havia feito isso dessa forma. Pegou o copo e virou o resto do drink duma vez garganta abaixo. Fechou o player e procurou um número na lista de mais chamados e ligou. Do outro lado da linha, uma voz brincalhona e confiante atendeu:
Alô, amor! E riu. Ele nada disse, ficou com as palavras na ponta da língua, mas não saiam.
Amor? É você?
Sem hesitar, ele respondeu:
- Quero terminar.

2 trocas:

Brunoliveira disse...

Parabéns Rodrigo, está escrevendo cada vez melhor!

Júnior Rodriguez disse...

50 tons de SAFADEZA, né.... ¬¬O kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

A narrativa tá boa, como sempre, embora contenha alguns vícios, mas falta contexto e profundidade logiacamente... U.U

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