sexta-feira, 22 de maio de 2020

A única certeza

Todos os meus sentidos foram repentinamente intensificados
Como se estivessem diretamente conectados a um
Amplificador de um tamanho indescritível.
Não há muito para falar, é um sentir-se desolado
E incapaz de compreender logicamente os fatos.
Quando nada mais faz sentido, tudo perdeu a cor
Me sinto num pátio amontoado de tudo que existe
E isso tudo começa a se reduzir a nada:
Primeiro os tons desbotam,
Depois o cheiro de podre me invade,
E por fim, desintegram-se bem diante dos meus olhos
Soturnos e perdidos
Lento no começo quando penso ter algum controle
E incrivelmente veloz quando já não sou mais observador,
E sim observado por alguém que logo também ocupará
As mesmas posições que eu.
A roda viva não para de girar e fazer novas escolhas.
Ou vitimas.

Quando não sei explicar, eu sinto
E nesse caso, eu queria poder saber explicar tão bem
Mas tão bem, que pudesse descartar todo e qualquer sentimento
Que ousasse vir a envenenar o meu coração e o meu espírito
É pesado, me afunda, me tira um sopro de vida a cada segundo.
É angustiante respirar.

E por que estou aqui?
Hoje eu me senti vivo, por um breve momento essa energia
Que me assolou por um dia inteiro sem eu saber muito bem a razão
(mentira),
Foi dissipada por um calor que envolveu todo o meu corpo e o meu ser
Me aqueceu tão intensamente
Que tentei me segurar a ela a todo custo.
Foi aí que descobri uma das poucas razões, mesmo com um sentimento tão efêmero,
De significar estar vivo e afastar a incerteza.
Maldita incerteza.


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